quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Apocalipse: Verdade ou Mentira?



   O Apóstolo João escreveu revelações divinas alarmantes. Passou-se a designar "apocalipse" os relatos escritos dessas revelações. 
   Bom, para começar, quem sou eu para dizer se João mentiu ou não sobre as revelações recebidas de anjos e até do próprio Jesus? A questão que quero levantar é a interpretação simbólica das revelações.    Existem diversas interpretações simbólicas divergentes, desde basicamente que João se refere às perseguições que os cristãos sofreram dos romanos ao longo da história – a mulher grávida que é perseguida pelo Dragão - , até o fim do mundo propriamente dito. Do livro do Apocalipse, surgiu até Teorias Conspiratórias, uma delas diz que reptilianos – Dragão – usam os humanos de escravos, e por ai vai. Enfim, interpretações é o que não faltam. Mas será que o livro do Apocalipse se refere ao fim do mundo propriamente dito?
   As fábulas, parábolas, metáforas e mitos, racionalmente são mentiras, mas o símbolo é pra ser interpretado, e não explicado, racionalizado, visto que remete ao inefável. “[...] quando tudo esta claro, já não há símbolos.” (CROATO, 2001, p 110).
   Na etimologia, símbolo vem do grego sum-ballo, sym-bolo, e refere-se à união de duas coisas: o inconsciente com o consciente.  O simbolismo sempre foi mediado na comunicação com o sagrado, pois o sagrado é ilimitado, algo que uma mente humana não compreende na lógica.  
   Fica então a pergunta: para que servem os símbolos? O símbolo é a linguagem do profundo, da intuição, do enigma. Por isso é a linguagem dos sonhos, da arte, do amor e da experiência religiosa. É a linguagem sem as fronteiras e premissas da razão. É uma linguagem que sobrepõe a razão.
   Existem três tipos de fés: a fé abaixo da razão é acreditar cegamente numa autoridade sem questionamento. A fé com razão é acreditar em fatos irrefutáveis. A fé acima da razão é a intuição; saber interpretar com a intuição a simbologia que o inconsciente nos fornece.
   Então, como interpretar o Apocalipse? Sem dúvida o Apocalipse só pode ser interpretado com a fé acima da razão. Ou seja, é uma interpretação única e pessoal.
   Agora vamos aos fatos. Diversos textos antigos tidos como sagrados, como os Vedas e o Calendário Maia, falam de fim do ciclo. Até aí nenhuma novidade, já sabemos que o Universo é cíclico, esta em constante transformação. Nenhum texto sagrado antigo diz objetivamente que o mundo vai acabar no sentido de acabar o Planeta e toda a vida nele existente. O que revelam é o fim de um ciclo.
   O que anda preocupando os temerosos é o caos da transição. Porém, é do caos que surge a ordem. Se deseja a ordem, terá que passar pelo caos. Entretanto, o medo atrai o perigo. O pensamento é vibração, e nós atraímos a vibração que emitimos. Mente temerosa atrairá catástrofe. Quem sente medo, não adianta fugir para as montanhas, o medo vai atrás, bem como o perigo. Outra coisa é certa, a morte física é inevitável. Não tem como fugir da morte. Mais cedo ou mais tarde ela chega. Com ou sem Apocalipse, todos vamos morrer.
   Então, para que perder tempo sentindo medo de algo que pode nunca chegar acontecer de forma catastrófica?
   O medo é fruto da ignorância. Ou seja, onde há medo é onde está a mentira. E somos seres que temos a capacidade de criar nossa realidade; “somos o que pensamos”.
   Visivelmente, o caos já está instalado. Se esta transição será dolorosa ou tranquila, depende da mente-emoção de cada um. A mente-emoção que focar na esperança e no amor e respeito ao coletivo, atrairá a beleza que vibra para sua vida. Os temerosos atrairá o Apocalipse na sua pior interpretação.  
   Vamos tomar Madhu como exemplo e semear uma realidade baseada no amor ao próximo. Assim como Madhu, somos todos sementinhas estelares. Faça nascer trigo da sua alma, e não joio. Joio é o medo.  

Fonte:
CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência religiosa: uma introdução à fenomenologia da religião. São Paulo: Paulinas, 2001.



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