O Apóstolo João escreveu revelações divinas alarmantes. Passou-se
a designar "apocalipse" os relatos escritos dessas revelações.
Bom, para começar, quem sou eu para dizer se João mentiu ou
não sobre as revelações recebidas de anjos e até do próprio Jesus? A questão
que quero levantar é a interpretação simbólica das revelações. Existem diversas
interpretações simbólicas divergentes, desde basicamente que João se refere às
perseguições que os cristãos sofreram dos romanos ao longo da história – a mulher
grávida que é perseguida pelo Dragão - , até o fim do mundo propriamente dito. Do
livro do Apocalipse, surgiu até
Teorias Conspiratórias, uma delas diz que reptilianos – Dragão – usam os humanos de escravos, e por ai vai. Enfim, interpretações
é o que não faltam. Mas será que o livro do Apocalipse
se refere ao fim do mundo propriamente dito?
As fábulas, parábolas, metáforas e mitos, racionalmente são
mentiras, mas o símbolo é pra ser interpretado, e não explicado, racionalizado,
visto que remete ao inefável. “[...] quando tudo esta claro, já não há símbolos.”
(CROATO, 2001, p 110).
Na etimologia,
símbolo vem do grego sum-ballo, sym-bolo,
e refere-se à união de duas coisas: o inconsciente com o consciente. O simbolismo sempre foi mediado na comunicação
com o sagrado, pois o sagrado é ilimitado, algo que uma mente humana não
compreende na lógica.
Fica então a pergunta: para que servem os símbolos? O
símbolo é a linguagem do profundo, da intuição, do enigma. Por isso é a
linguagem dos sonhos, da arte, do amor e da experiência religiosa. É a
linguagem sem as fronteiras e premissas da razão. É uma linguagem que sobrepõe
a razão.
Existem três tipos de fés: a fé abaixo da razão é acreditar cegamente numa autoridade sem
questionamento. A fé com razão é
acreditar em fatos irrefutáveis. A fé
acima da razão é a intuição; saber interpretar com a intuição a simbologia
que o inconsciente nos fornece.
Então, como interpretar o Apocalipse? Sem dúvida o Apocalipse
só pode ser interpretado com a fé acima
da razão. Ou seja, é uma interpretação única e pessoal.
Agora vamos aos fatos. Diversos textos antigos tidos como
sagrados, como os Vedas e o Calendário
Maia, falam de fim do ciclo. Até aí nenhuma novidade, já sabemos que o Universo
é cíclico, esta em constante transformação. Nenhum texto sagrado antigo diz
objetivamente que o mundo vai acabar no sentido de acabar o Planeta e toda a
vida nele existente. O que revelam é o fim de um ciclo.
O que anda preocupando os temerosos é o caos da transição. Porém,
é do caos que surge a ordem. Se deseja a ordem, terá que passar pelo caos.
Entretanto, o medo atrai o perigo. O pensamento é vibração, e nós atraímos a
vibração que emitimos. Mente temerosa atrairá catástrofe. Quem sente medo, não
adianta fugir para as montanhas, o medo vai atrás, bem como o perigo. Outra coisa
é certa, a morte física é inevitável. Não tem como fugir da morte. Mais cedo ou
mais tarde ela chega. Com ou sem Apocalipse,
todos vamos morrer.
Então, para que perder tempo sentindo medo de algo que pode
nunca chegar acontecer de forma catastrófica?
O medo é fruto da ignorância. Ou seja, onde há medo é onde está
a mentira. E somos seres que temos a capacidade de criar nossa realidade; “somos
o que pensamos”.
Visivelmente, o caos já está instalado. Se esta transição
será dolorosa ou tranquila, depende da mente-emoção de cada um. A mente-emoção
que focar na esperança e no amor e respeito ao coletivo, atrairá a beleza que
vibra para sua vida. Os temerosos atrairá o Apocalipse
na sua pior interpretação.
Vamos tomar Madhu como exemplo e semear uma realidade
baseada no amor ao próximo. Assim como Madhu, somos todos sementinhas
estelares. Faça nascer trigo da sua
alma, e não joio. Joio é o medo.
Fonte:
CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência
religiosa: uma introdução à fenomenologia da religião. São Paulo: Paulinas,
2001.
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