segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Madhu e seus sonhos



Aquilo definitivamente era outro mundo, num outro tempo. Madhu vislumbrava a bela natureza de um lugar mágico onde gnomos curiosos lhe espiavam atrás de árvores, fadas cantavam e encantavam entre as inúmeras flores coloridas de fragrâncias delicadas.
Madhu maravilhou-se ao ver um belíssimo unicórnio branco, majestoso, correndo entre as árvores com sua suntuosa crina sendo elegantemente jogada ao vento. Sua pureza e beleza eram cativantes. Madhu com muita paciência, doçura e delicadeza cativou o belo unicórnio, que se tornou seu mais fiel amigo e companheiro.
Um belo dia, quando Madhu colhia doces frutas para seu amigo unicórnio, Willy apareceu. Ele estava em seu antigo corpo ariano.
Willy! – Madhu ficou feliz e surpresa ao ver seu amigo Willy.
Olá, Madhu! Eu vim até aqui para informá-la que tudo isso é só um sonho. Um sonho que a aprisiona num estado de ilusão descomedida. Vim lhe oferecer a escolha. Terá de escolher entre continuar vivendo uma ilusão ou despertar para a realidade.
Eu sempre desejei a realidade por pior que fosse. Eu quero a verdade. Sempre! – disse Madhu, decidida.
A única forma de se libertar desse sonho é matando o unicórnio. É ele quem a prende nesse mundo de ilusões. Só matando o unicórnio poderá sair daqui.
Não! – exclamou, inconformada com o fato. Nada para ela seria mais difícil que matar seu companheiro unicórnio, quem cativou com tanto amor.
Chorando, com profunda dor no coração, Madhu continuava decidida a não viver mais na ilusão. E, se tudo era apenas uma ilusão, a morte do unicórnio faria parte apenas de um pesadelo.
Na noite escura de Lua Nova, enquanto o unicórnio dormia, Madhu o atacou, cravando uma adaga em seu coração. Sentiu a pureza se esvair do próprio coração com a vida do unicórnio, cujo chifre se apagara, para sempre.
Logo após a morte do unicórnio, Willy aparece.
E agora o que vai acontecer? – perguntou Madhu, definhada pela profunda tristeza na alma.
Willy retirou sua máscara, revelando a verdadeira face. A face de Niki!

Humana ingênua! Nunca aprende! – disse Niki, com um sorriso cruel nos olhos. Nem sabe distinguir ilusão de realidade – disse, soltando uma gargalhada sombria. Só a alma de uma donzela pura conseguiria se aproximar de um unicórnio. A morte do unicórnio dá início à grande era de trevas que se iniciou por suas mãos. Pelas mãos de minha doce Kally.   

Trecho do livro A realidade de Madhu de Melissa Tobias, Editora Novo Século; selo Talentos da Literatura Brasileira.

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