Aquilo definitivamente era outro
mundo, num outro tempo. Madhu vislumbrava a bela natureza de um lugar mágico
onde gnomos curiosos lhe espiavam atrás de árvores, fadas cantavam e encantavam
entre as inúmeras flores coloridas de fragrâncias delicadas.
Madhu maravilhou-se ao ver um
belíssimo unicórnio branco, majestoso, correndo entre as árvores com sua
suntuosa crina sendo elegantemente jogada ao vento. Sua pureza e beleza eram
cativantes. Madhu com muita paciência, doçura e delicadeza cativou o belo
unicórnio, que se tornou seu mais fiel amigo e companheiro.
Um belo dia, quando Madhu colhia
doces frutas para seu amigo unicórnio, Willy apareceu. Ele estava em seu antigo
corpo ariano.
–
Willy! – Madhu ficou feliz e surpresa ao
ver seu amigo Willy.
–
Olá, Madhu! Eu vim até aqui para informá-la
que tudo isso é só um sonho. Um sonho que a aprisiona num estado de ilusão
descomedida. Vim lhe oferecer a escolha. Terá de escolher entre continuar
vivendo uma ilusão ou despertar para a realidade.
–
Eu sempre desejei a realidade por pior
que fosse. Eu quero a verdade. Sempre! – disse Madhu, decidida.
–
A única forma de se libertar desse sonho
é matando o unicórnio. É ele quem a prende nesse mundo de ilusões. Só matando o
unicórnio poderá sair daqui.
–
Não! – exclamou, inconformada com o fato.
Nada para ela seria mais difícil que matar seu companheiro unicórnio, quem
cativou com tanto amor.
Chorando, com profunda dor no
coração, Madhu continuava decidida a não viver mais na ilusão. E, se tudo era
apenas uma ilusão, a morte do unicórnio faria parte apenas de um pesadelo.
Na noite escura de Lua Nova,
enquanto o unicórnio dormia, Madhu o atacou, cravando uma adaga em seu coração.
Sentiu a pureza se esvair do próprio coração com a vida do unicórnio, cujo
chifre se apagara, para sempre.
Logo após a morte do unicórnio,
Willy aparece.
–
E agora o que vai acontecer? – perguntou
Madhu, definhada pela profunda tristeza na alma.
Willy retirou sua máscara,
revelando a verdadeira face. A face de Niki!
–
Humana ingênua! Nunca aprende! – disse
Niki, com um sorriso cruel nos olhos. – Nem
sabe distinguir ilusão de realidade – disse, soltando uma gargalhada sombria. –
Só a alma de uma donzela pura conseguiria
se aproximar de um unicórnio. A morte do unicórnio dá início à grande era de
trevas que se iniciou por suas mãos. Pelas mãos de minha doce Kally.
Trecho do livro A realidade de Madhu de Melissa Tobias, Editora Novo Século; selo Talentos da Literatura Brasileira.
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